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Você está descansando direito?

Descubra com a publicitária Luiza Voll quais as formas de se descansar de verdade

Criado em: 24/05/2021 | Editado em: 02/06/2021

Luiza Voll (@luizavoll) é publicitária e sócia da Contente, plataforma de conteúdo e mídia para uma vida digital mais consciente. Em seu Instagram compartilha vídeos e textos sobre tempo, descanso, criatividade, natureza e suas experiências pessoais. Para o Hering Todo Momento, Luiza traz quais são, de fato, as maneiras de se descansar de verdade. Vamos lá?

por Luiza Voll

Na Sociedade do Cansaço* estamos todos exaustos, confundindo autoexploração com realização, como genialmente diz o filósofo Byung Chul Han. Não são só as condições mundiais de produção, a pressão para crescer e produzir ou nosso trabalho que nos esgotam. Muitas vezes somos nós mesm@s que nos exploramos, impulsionados pelas redes sociais que nos colocam em uma disputa constante por uma imagem e performance cada vez melhores. Soma-se a esse contexto o enfrentamento da pandemia, que para os privilegiados trouxe o trabalho para dentro de casa e para a maioria eliminou os poucos rituais que ainda nos ajudavam a relaxar: um restaurante com os amigos, o contato corporal e visual, um show, um estádio de futebol, o carnaval. Para além do combate ao vírus da COVID-19, teremos que buscar combater também o vírus do cansaço.

Descansar se torna um ato de resistência quando tudo à sua volta te exige o contrário. Vamos então glamourizar o descanso? Fazer dele nossa grande estratégia de sobrevivência? Porque já sabemos que o contrário pode culminar em depressão e burnout, as grandes doenças da nossa época.

Recentemente eu aprendi, na prática, que dormir e descansar não são a mesma coisa e que assistir TV e fazer scroll no Instagram definitivamente também não configuram como descanso. Depois de uma série de noites fazendo isso, decidi, em vez de dormir ou assistir TV, revisitar antigos cadernos de cursos. Me empolguei e até fui dormir mais tarde do que o usual. O resultado foi surpreendente: acordei me sentindo muito melhor do que se tivesse dormido por 8h seguidas.

Decidi então investigar o tema e descobri o TED da Saundra Dalton-Smith, médica e autora do livro Sacred Rest (Descanso Sagrado).

“Passamos a vida pensando que descansamos porque dormimos o suficiente – mas na realidade estamos perdendo outros tipos de descanso de que precisamos desesperadamente. O resultado é uma cultura de indivíduos de alto desempenho, alta produção, cronicamente cansados ​​e cronicamente esgotados. Estamos sofrendo de um déficit de descanso porque não entendemos o verdadeiro poder do descanso”, afirma Saundra.

Segundo ela, existem 7 formas de descanso: físico, mental, sensorial, criativo, emocional, social e espiritual.

O descanso físico pode ser passivo ou ativo e é importante para cuidarmos do nosso corpo.

Precisamos do descanso mental quando nossa mente não desliga nem na hora de dormir e ficamos tentando resolver problemas ou repassando conversas totalmente fora de hora.

O descanso sensorial é necessário quando somos expostos a luzes brilhantes, telas de computador e TV, ruído de fundo e muitas conversas – até mesmo (ou principalmente) pelo Zoom.

O descanso criativo é útil para quem precisa resolver problemas ou criar novas ideias. Como podemos esperar sermos criativos vivendo dias tão parecidos?

O descanso emocional é essencial para aquela pessoa que é sempre o ombro amigo, sempre disponível para o outro.

Quem se sente exaurido por alguns de seus relacionamentos provavelmente tem um déficit de descanso social.

Por fim, o descanso espiritual é o que possibilita a sensação de conexão e pertencimento com algo maior do que nós mesmos.

Foi muito útil para mim compreender que o esgotamento vai além da necessidade pura e simples de mais sono. É preciso olhar para si mesmo com mais atenção, coisa que muitas vezes evitamos. Quando encaramos essa missão podemos perceber se nosso corpo está pedindo por um alongamento ou se o que precisamos é de um momento de olhos fechados e em completo silêncio para descansar nossos sentidos. Se sentimos nossa mente acelerada demais, podemos começar a criar rituais que ajudem a demarcar o fim do período de trabalho, e o início do período de descanso, como evitar telas até pelo menos 1h antes de dormir, ou depois de acordar, por exemplo. Se a ideia que você precisa ter não vem, uma caminhada na praça mais próxima ou a pesquisa pelo trabalho de um artista que você gosta pode te ajudar a fazer mais conexões. Se sentimos que estamos constantemente dando mais do que recebemos, podemos buscar sermos mais autênticos e dizer não quando assim desejarmos, mesmo com o medo de desagradar. Por fim, se nos sentimos sozinhos e com falta de sentido na experiência humana, podemos recorrer à fé e à comunidade, no formato que fizer mais sentido.

Como praticamente para tudo na vida, olhando para dentro descobrimos as respostas. As pistas para descobrir qual é o tipo de descanso que seu corpo, mente e alma precisam estão dentro de você, é só começar a investigar.

Descansemos. Não para sermos mais produtivos, mas simplesmente porque merecemos.

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Beatriz Falcao


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