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Emicida conversa sobre música e literatura

Um bate-papo com um dos participantes da nossa campanha de Dia dos Pais

Criado em: 04/08/2021 | Editado em: 07/10/2021

Nesse Dia dos Pais, a Hering se uniu a Emicida para uma ação especial que tem tudo a ver com ele. Na campanha “Pais de Palavra”, o rapper, escritor e apresentador está ao lado de sua família para juntos entrar no ritmo da nossa comemoração para a data.

Ser pai é assumir para o mundo: “eu dou a minha palavra”. E para todos os Pais de Palavra, essa é a homenagem da Hering na voz de Emicida. Por isso, convidamos o pai da Estela e da Teresa para um papo sobre música, moda e literatura. Olha só:

De onde vem a sua proximidade com as palavras e como você identificou nelas um potencial transformador para amplificar sua mensagem?
Eu acredito de verdade que as palavras são um instrumento mágico. Elas são as responsáveis por conseguirmos contar histórias que se transformam em pontes invisíveis entre nós e os outros. Eu tive a alegria de ser um leitor desde muito cedo, primeiro os quadrinhos, depois comecei a devorar os livros, então as palavras sempre foram as responsáveis por me aproximar dos meus sonhos, foi com elas que construí tudo que me cerca, tudo de físico mesmo, não só de simbólico, e esse fato faz com que a gente acredite que um mundo melhor é possível, tudo depende da qualidade das palavras que compartilhamos.
Outra coisa importante é que por vir de uma realidade de muita pobreza, eu entendi muito cedo, que a única coisa que eu tinha era a minha palavra, aqui como símbolo de caráter, talvez por isso ela seja sagrada para mim desde sempre.

“Um mundo melhor é possível, tudo depende da qualidade das palavras que compartilhamos”

Como você identifica a importância da moda como ferramenta de expressão?
Nossas roupas, representam a maneira como gostaríamos de ser percebidos no mundo, então de alguma forma vestir-se é como poder colocar a alma para fora do corpo. E com isso, fazer com que o mundo te perceba como você realmente é, ou gostaria de ser.

Você perdeu o pai muito novo, aos 6 anos de idade. Como a ausência da figura paterna ao longo da vida impactou na construção do Emicida pai e na sua relação com as suas filhas?
Essa é uma realidade muito comum a pessoas com as minhas origens, infelizmente, mas não é exclusividade apenas desse universo. Muitos caras usam o argumento de que como não tiveram essa referência de paternidade, não podem oferecê-la. Acho esse argumento muito frágil. A vida não é só vivida, ela também é sonhada. Então se eu tenho um grande vazio deixado por essa falta, eu vou usar todo o amor que eu puder gerar para preenchê-lo e assim o que definirá o que paternidade significa na minha história, sou eu e não meus traumas. Uma vez minha esposa escreveu uma frase muito bonita sobre isso num Dia dos Pais, ela deixou um bilhetinho no meu presente escrito assim “o melhor pai que você pode ter é o melhor pai que você pode ser”. Eu acho que isso é o que deve nortear a experiência paterna, sempre.

“O melhor pai que você pode ter é o melhor pai que você pode ser”

Como escritor, você já lançou dois livros infantis. O último deles, “ E foi assim que eu e a escuridão ficamos amigas”, foi escrito durante uma viagem em família ao Vietnã. Você se inspira na sua relação com as meninas para escrever?
Eu aprendo muito com as crianças, elas têm o olhar limpo dos preconceitos do mundo. A convivência com elas me torna melhor, é sim inspirador, porque sou artista e fazer arte é meio que conseguir voltar a ser criança muitas vezes e criar um mundo sem as amarras do medo e da expectativa alheia.
Eu leio pra elas, mas deixo elas interpretarem as histórias também, sai cada coisa fantástica e engraçada. Se conhecimento é algo que ninguém pode nos roubar, eu me esforço usando os livros, para abastecer elas desse tesouro sempre.

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Beatriz Falcao


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