Luana Génot é fundadora e diretora executiva do Instituto Identidades do Brasil, que promove a campanha “Sim à Igualdade Racial”. O ID_BR é uma organização sem fins lucrativos, pioneira no Brasil e 100% comprometida com a aceleração da promoção da igualdade racial. Para o Hering Todo Momento, Luana traz uma reflexão sobre como se conscientizar e engajar na aceleração da promoção da igualdade racial na sociedade. Vamos lá?

por Luana Génot

Raça. Raça é uma palavra que tem múltiplos sentidos. Raça pode ser um termo associado à raça humana e nesse sentido, somos todos iguais. Mas quando falamos sobre igualdade racial, a gente entende raça como essas experiências sociais que variam de acordo com a cor da pele. E nesse sentido, temos uma hierarquia: há experiências sociais que são mais positivas do que outras. É por isso que é preciso alcançar a igualdade, para que todo mundo, independente da cor da pele, possa ter a melhor experiência possível na sociedade.

Identificação. O processo de construção da minha autoestima tem sido um processo lento e gradativo. O que eu mais quero é que esse processo seja cada vez mais acelerado, que as pessoas possam ter orgulho das suas cores de pele e possam se amar desde muito cedo. Eu aprendi, quando eu era pequena, a não gostar da minha cor de pele porque as referências imagéticas que tinham na TV não eram como eu. Estamos justamente tentando reverter essa situação, colocando cada vez mais luz para todos os tons de pele, assim todos podem se amar desde muito cedo.

Lugar de fala. Cada pessoa tem um lugar de fala diferente, cada tom de pele, cada pessoa de diferente raça vai ter o seu próprio lugar de fala, cada uma vai ter o seu ponto de vista, o seu modo de ver o mundo. Lugar de fala é sobre esse lugar onde cada pessoa vê o mundo, a partir desse lugar. Mesmo que você não sofra, por exemplo, os efeitos colaterais e centrais do racismo estrutural, como as pessoas negras e indígenas no Brasil, você pode levar esse assunto para os seus mais diferentes grupos e falar sobre esse assunto, assim todos podem criar essa consciência pela igualdade racial.

Propósito. Mais do que dizer não ao racismo, é pode dizer sim à igualdade racial. Falar não para alguma coisa não quer dizer nada. Primeiro, porque a igualdade racial é uma lei no Brasil, a Lei 12.288, faz parte da nossa Constituição, faz parte do nosso Brasil lutar pela igualdade e tirar isso do papel. É propositivo, é apontar caminhos e entender que ao ler mais autores negros e indígenas, ao contratar mais pessoas negras e indígenas, especialmente para postos de liderança, ao se educar, ao mudar o seu linguajar, a sua postura, a gente já está dizendo sim à igualdade racial. Então, diz sim à igualdade racial você também.

Protagonismo. Quando dizemos sim a alguma coisa, significa que uma ação será realizada, ao invés de negar que o racismo existe ou que não fazemos parte. Dizer sim à igualdade racial é ler mais autores e autoras negras e indígenas, é comprar mais de pessoas negras e indígenas, é valorizar essas narrativas de maneiras diferentes. É de fato poder fazer com que essas narrativas consigam ser vistas como protagonistas na história de construção do Brasil

Causa. É muito importante entender que a igualdade ainda não foi alcançada. É preciso transformar essa igualdade em realidade, entender que ela só vai ser realidade quando todo mundo se engajar pela igualdade racial e que é a sua causa também. A igualdade racial é minha causa, mas também é a sua causa. É fazer acontecer a igualdade racial no nosso dia a dia, apoiando pessoas negras e indígenas, colocando esse foco, essa luz, para poder acelerar essa causa, para daqui a pouco não precisar mais falar sobre racismo estrutural.

Na compra de qualquer peça da coleção Hering + ID_BR, parte das vendas será doada para o Instituto. Conheça as peças: