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Chico Bosco fala sobre a filosofia da paternidade

Uma conversa honesta sobre família para o Dia dos Pais

Criado em: 28/07/2021 | Editado em: 09/08/2021

Para o Dia dos Pais, a Hering se juntou a Chico e João Bosco na campanha “Pais de Palavra”. Nela, o escritor, poeta e filósofo aparece ao lado de seu pai e seus filhos para fazer a sua homenagem, para todos os pais que têm palavras de afeto, incentivo e cuidado.

Chico é doutor em teoria literária, já escreveu oito livros e é apresentador do Papo de Segunda no GNT. Convidamos o pai de Lourenço, Iolanda e Madá para uma conversa a respeito de paternidade, família e educação. Vamos lá?

Qual seu programa em família favorito?
Todo domingo à noite, antes de colocar as crianças para dormir, nós fazemos um ritual de agradecimento, em que agradecemos pela companhia uns dos outros e pelas melhores coisas que nos aconteceram durante a semana. É um momento de muito amor, eu tenho certeza que está formando memórias bonitas na vida das crianças. É esse meu programa favorito com a família.

O que mais você admira nos seus filhos?
Eles são muito diferentes entre si, e a Madá ainda é um bebê. Mas a Iolanda e o Lourenço têm algo em comum: são crianças cooperativas, que não se julgam o centro do mundo.

A nossa campanha leva o título “Pais de Palavra”. Que frase você mais ouviu como filho?
“Palavra” tem dois sentidos. Pode ser a unidade básica da linguagem verbal, mas pode ser também compromisso, responsabilidade. Ser um “pai de palavra” significa ser um pai que honra a responsabilidade que contraiu quando se tornou pai. Foi esse tipo de palavra que eu mais ouvi quando criança. Não essa ou aquela palavra, mas a palavra da postura, a postura da responsabilidade.

“Ser um ‘pai de palavra’ significa ser um pai que honra a responsabilidade que contraiu quando se tornou pai”

Quais são as grandes lições que seu pai lhe deu durante a vida, que você leva como palavra de ordem na relação com seus filhos?
Sem dúvida alguma o maior legado imaterial que meu pai me deixou foi o que eu chamo de dedicação ao dom. Eu não gosto de chamar isso de disciplina, porque é uma palavra que remete à vida militar, ou à vida ascética, enfim, a todo um campo que envolve sobretudo renúncia, abdicação, persistência e resistência. No que chamo de dedicação ao dom tudo isso existe, mas como elementos que você vai precisar mobilizar para poder viver uma vida de liberdade, alegria, afirmação e desenvolvimento da sua potência criativa. A capacidade de criar, a liberdade de criar, a alegria de criar – no meu caso, criar ideias – isso não vem de graça. Isso exige que se cultive o seu talento, que se trabalhe intensamente e longamente para que ele floresça. Isso eu aprendi com o meu pai, sem que ele precisasse me dizer uma palavra. Bastou vê-lo conduzir a própria vida. A ação é uma palavra silenciosa e poderosa.

“A ação é uma palavra silenciosa e poderosa”

Ser um pai de palavra é uma tarefa que exige responsabilidade e equilíbrio entre razão e emoção. Qual é a grande filosofia por trás da paternidade e o que você considera primordial na educação de seus filhos?
Eu considero primordial dar a eles uma base afetiva, emocional, que lhes proporcione segurança e confiança nas suas relações com o mundo. Acredito que uma criança a quem falte amor, uma criança que sentiu que sua presença no mundo não foi tão acolhida e desejada – essa criança terá uma tendência à melancolia, a não se sentir segura no mundo. Então eu procuro sempre mostrar a meus filhos que eles são muito amados, que eu nunca deixarei de estar presente quando eles precisarem de mim. Ao mesmo tempo, e por outro lado, sempre procurei deixar claro também que o mundo não gira em torno deles. Nem o mundo, nem mesmo o meu mundo. Isso traz duas lições fundamentais. A primeira é de ordem social: você educa uma criança com a consciência de que ela
participa de uma comunidade, e que deve colaborar para o bem-estar geral dessa comunidade. A segunda é de ordem individual: quando você mostra, pelos seus atos, que você deseja o mundo, que o seu desejo é amplo, há nisso uma transmissão de autonomia e liberdade. O desafio, portanto, é formar seres autônomos, bondosos e dotados de senso de justiça.

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Beatriz Falcao


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